Empresas apostam em consumo de peixes criados em viveiros
Os pescadores adoram bater recordes. Criadores de peixes também. Então, quando um salmão criado em um viveiro em uma pequena cidade perto de um fiorde na Noruega foi retirado do reservatório de água no início deste ano, com 17 kg, o entusiasmo foi enorme. “Fantástico”, disse Einar Wathne, diretor do departamento de piscicultura da empresa americana Cargill. Além do peso e da aparência saudável, o salmão foi criado em apenas 15 meses, um quinto do tempo habitual.
A Cargill, a maior empresa mundial de capital fechado de commodities agrícolas, construiu sua reputação nos 152 anos de existência com um trabalho de conexão de fazendeiros com compradores de alimentos e rações animais em diversos lugares. Por meio de uma rede que abrange 70 países e inclui portos, terminais, fábricas de processamento de carne e navios de carga, a empresa fornece informações, financia agricultores e influencia a produção deles com base nas necessidades de seus clientes.
Em 2015, a Cargill comprou a EWOS, uma empresa norueguesa de piscicultura por US$1,5 bilhão, como uma estratégia para expandir suas atividades, em razão da retração do mercado de commodities agrícolas a granel com o fim, em 2013, de um superciclo de commodities liderado pela China. Outro fator que influenciou essa diversificação foi a queda recente na demanda de grãos para biocombustíveis.
Já o consumo de peixes criados em viveiros tem aumentado no mundo inteiro devido ao alto custo da criação de gado, suínos e outros animais. Além disso, com a criação de salmão a Cargill irá aprender a lidar com consumidores cada vez mais exigentes. Segundo Wathne, o salmão é um produto “premium“ e, por isso, os consumidores querem saber não só sua origem, como também o alimento que lhe é dado, em uma relação de transparência entre produtor e cliente.
Ainda para diversificar suas fontes de receitas, o CEO da empresa, David MacLennan, vendeu US$2 bilhões de ativos desde 2015 e investiu US$3,5 bilhões em produtos de maior valor agregado como carnes cozidas, nutrição animal e ingredientes alimentares.
A Cargill também está apostando em novas tecnologias. Em agosto, a Cargill comprou uma participação na empresa Memphis Meats, que produz carne bovina, frango e pato a partir de células de animais vivos, em vez de carcaças. Junto com a Calysta, uma start-up do Vale do Silício, a Cargill está investindo em uma fábrica com um custo de US$500 milhões, que produzirá até 200 mil toneladas de FeedKind, um tipo de alimento para peixes produzido a partir de bactérias alimentadas com metano.
A Cargill sempre se manteve fora do centro das atenções. A diversificação de suas atividades envolverá o uso mais amplo das redes sociais, de entrevistas na mídia e contatos com ONGs. É um grande desafio para uma empresa que preza sua privacidade.
Fonte: Opinião e Notícia
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