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Peixe mais seguro para comer é o da piscicultura

Peixe mais seguro para comer é o da piscicultura
26 de Outubro de 2021
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manejo sanitário realizado na piscicultura é de profunda importância para as criações. Nesse sentido, recentemente, houveram casos de uma doença denominada Síndrome de Haff, que é transmitida por peixes.


Com o objetivo de tranquilizar a população do Amazonas, estado onde houve um acréscimo significativo de casos, o pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, Roger Crescêncio destacou algumas questões importantes.


Para o pesquisador, é possível dizer que o peixe criado em cativeiro é o mais seguro para o consumo. 


Desse modo, ele ainda reforça "O que é mais importante para a população saber é que, na história do mundo, nunca ela foi encontrada em peixe de cativeiro, de piscicultura".


Conhecida popularmente como “doença da urina preta”, que é o seu principal sintoma, a Síndrome de Haff foi registrada em mais de 50 casos da doença este ano no Amazonas.


Mesmo assim, Crescêncio explica que a doença já ocorreu anteriormente, com a primeira vez sendo relatada em 2008, e que esta época do ano tem maior tendência para a proliferação. 


"Geralmente, ela acontece na época mais quente do ano e que as águas de lagos e rios estão mais quentes. Nessa época, existe uma grande proliferação, grande crescimento de micro-organismos dentro d’água que produzem uma toxina, chamada de palitoxina, que contamina o peixe e quando é consumido, desenvolve essa síndrome de Haff", ressalta.


Garantindo a segurança da população que consome peixes criados na piscicultura, já que a Síndrome de Haff nunca foi encontrada em criações desse modelo.


De acordo com o pesquisador, ainda existem dúvidas sobre como o micro-organismo causa a toxina dentro da água, mas que isto não ocorre em cativeiro. 


“Ainda se tem dúvida se esse micro-organismo que causa essa toxina dentro da água, se é bactéria, se é plâncton, se é fungo. Não se sabe ao certo, mas o que se tem de extrema certeza é que isso não acontece em cativeiro. Se você está com medo de comer peixe, está parando o consumo de peixe, que é muito importante na nossa região, por medo dessa doença, não tenha medo do peixe de cativeiro!”, disse Crescêncio.


 


Boas práticas para garantir o manejo sanitário na piscicultura


Sabendo que a Síndrome de Haff não atinge peixes que são criados na piscicultura, a Engepesca gostaria de destacar a importância de garantir a qualidade dos peixes e do manejo sanitário.


Desse modo, os piscicultores em todo o país precisam se apropriar de técnicas e ferramentas para garantir a saúde da criação e evitar que doenças surjam nos peixes. 


Além de evitar a transmissão para o público em geral, as medidas também devem ser adotadas para evitar prejuízos às criações.


Abastecimento e drenagem - Controlar o abastecimento dos viveiros com um registro ou outro dispositivo de ajuste de vazão, faz com que não haja transferência de água de um viveiro para o outro. 


Com isso, evita-se a disseminação de doenças e a possibilidade de comprometer a qualidade da água.


Estratégias - A estratégia utilizada na piscicultura de fazer a colocação de todos os peixes no viveiro juntos uma única vez e a retirada de todos ao mesmo tempo, é fundamental para garantir o manejo sanitário. 


Assim não se corre o risco de que doenças que tenham afetado lotes anteriores afetem os novos.


Desinfecção - Este processo é fundamental para garantir que o ambiente fique seguro e possa ser povoado novamente. Para realizar, deve-se retirar todos os peixes e logo após, secar totalmente para ser desinfetado com cal virgem. 


Desse modo, microrganismos presentes na matéria orgânica acumulada no fundo desses locais são eliminados e não provocam doenças.


Despesca - Como sabemos, este momento é crucial para garantir a qualidade do pescado e deve ser feito com bastante cuidado. 


Deve-se evitar que os peixes sofram com lesões e, por isso, cada passo deve ser executado corretamente, etapa por etapa.


Qualidade da água - Garantir a qualidade da água é fundamental para evitar que doenças surjam na piscicultura. Desse modo, é preciso monitorar a transparência, a concentração e amônia, a concentração de oxigênio, a temperatura e o pH.


Para isso, deve-se coletar uma amostra da água e esta não deve ser da entrada do viveiro nem dos primeiros centímetros da superfície. O processo pode ser feito com equipamentos digitais ou kits.


Densidade - Na piscicultura, a densidade ideal de estocagem das espécies de peixes deve ser seguida à risca. Sobrecarregar os tanques prejudica a qualidade da água, deixando os animais mais estressados e suscetíveis a doenças. Os padrões de estocagem variam com o sistema de criação, as espécies, a fase de criação e os parâmetros de qualidade da água.


Matéria orgânica - Toda matéria orgânica (restos de ração, fezes e plâncton morto) deve ser removida, quando acumulada no fundo dos viveiros. Essa decomposição pode ser nociva aos peixes e também deve ser retirada após a despesca quando em grande quantidade.


Peixes mortos - A criação na piscicultura deve ser investigada quando a taxa de mortalidade dos peixes chegar em 10%. É tarefa diária dos criadores remover os peixes mortos e também aqueles que estão visivelmente doentes, pois estes podem contaminar o resto da produção.


 


Sobre a síndrome de Haff


A síndrome de Haff apresentou, recentemente, registros de casos em quatro estados brasileiros: Amazonas, Bahia, Ceará e Pará. Esta doença deixa as pessoas que são atingidas com a urina com coloração escura.


Os sintomas podem surgir entre duas a duas a 24 horas após consumir peixes ou crustáceos contaminados, causando um quadro de mialgia súbita, astenia, parestesia de membros inferiores, podendo evoluir com rabdomiólise. 


Além disso, podem as pessoas atingidas podem apresentar insuficiência renal, fazendo causando a mudança de coloração da urina para marrom escura.


A doença é causada por uma toxina que pode ser encontrada em peixes e acredita-se que esses animais possam ter se alimentado de algas com certos tipos de toxinas. 


No entanto, esta substância tóxica não apresenta cheiro ou sem sabor e surge quando o peixe não é guardado e acondicionado de maneira adequada.


 



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