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Polos brasileiros de produção de tilápia apresentam grande diversidade

Polos brasileiros de produção de tilápia apresentam grande diversidade
07 de Abril de 2021
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Não é de hoje que a Engepesca dá destaque para a produção de tilápia. Afinal, no Brasil ela vem sendo cultivada a mais de quatro décadas e conquistou os produtores da piscicultura de todo o país ao longo destes anos.


Nativa da África, foi uma das espécies que melhor se adaptou às águas brasileiras, apresentando facilidade na criação. A espécie é muito resistente a doenças e possuem boa capacidade produtiva, além de sua alimentação ser acessível e diversificada.


Sem contar, é claro com o sabor do peixe, que é bastante suave, agradando o paladar de grande parte dos consumidores. Além disso, o alimento é bastante saudável para o ser humano. 


Isto faz com que sua procura seja alta não só no Brasil, mas como também em outros países que importam o produto brasileiro. Atualmente, a produção de tilápia e a principal entre os peixes criados no país, que é o quarto produtor mundial da espécie.


De acordo com uma publicação da Embrapa Pesca e Aquicultura de Palmas-TO, denominada "Caracterização da cadeia produtiva da tilápia nos principais polos de produção do Brasil", existem uma grande variedade de polos produtivos de tilápia no Brasil. Cada um destes possui distinções entre características produtivas, como socioeconômicas e estruturais.


O relatório destaca esta diversidade, que é influenciada pelas particularidades dos estados, já que vivemos em um país continental. Cada um destes possui infraestruturas diferentes, tanto em relação aos recursos naturais, quanto em nível de desenvolvimento socioeconômico. 


Conforme o pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura e um dos autores do novo boletim, Manoel Pedroza, esta relação "acaba tendo reflexo sobre as condições de trabalho dos produtores e o acesso aos mercados, além de impactar diretamente os custos de produção", relata.


A pesquisa foi realizada com dados quantitativos e qualitativos a partir de questionários aplicados nos polos produtivos. Foi elaborada a partir de mais de 550 produtores em sete polos de produção de tilápia.


Os sete polos estão em quatro regiões geográficas brasileiras: Oeste do Paraná, Norte do Paraná e Vale do Itajaí (SC), no Sul; Submédio São Francisco (BA, PE e AL) e Reservatório de Boa Esperança (PI), no Nordeste; Ilha Solteira (SP), no Sudeste do país, dividindo-se com o Centro-Oeste; e Reservatórios de Serra da Mesa e Cana Brava (GO), considerados em conjunto pela proximidade física, no Centro-Oeste.


A pesquisa foi feita no âmbito do BRS Aqua, projeto que envolve mais de 20 Unidades e cerca de 270 empregados da Embrapa. 


Coordenado pela pesquisadora Lícia Lundstedt, tem financiamento de três fontes: o Fundo Tecnológico do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Funtec / BNDES); a Secretaria de Aquicultura e Pesca do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SAP / Mapa). 


Além de recurso financeiro que está sendo executado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a própria Embrapa.


O projeto tem forte caráter estruturante, sobretudo com relação a campos experimentais e laboratórios voltados para a aquicultura. Também forte caráter de capacitação de recursos humanos especializados, a exemplo de bolsistas e estagiários.


Destaques dos polos brasileiros de produção de tilápia


Um dos destaques da pesquisa em relação às diversidades dos polos de produção de tilápia são os custos da piscicultura. A variação encontrada foi de R$ 3,64 a R$ 4,70 por kg. Isto ocorre devido a diversos fatores, mas os principais estão no sistema de produção prevalente em cada região. 


Por exemplo, no Oeste do Paraná e no Vale do Itajaí (SC), onde predomina o viveiro escavado. Este modelo geralmente tem menores custos de produção que o tanque-rede, maioria nos outros cincos polos trabalhados na pesquisa.


Em relação à logística, os produtores realizam negociações dos seus produtos em um raio de 100 km de distância. Quanto as tecnologias utilizadas, destacam-se as linhagens geneticamente melhoradas (com 68%) e os pré e probióticos (com 56%), aparecendo em primeiro e segundo lugares.


As regiões pesquisadas foram responsáveis por mais de 55% da produção de tilápia no Brasil em 2018, de acordo com a Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 


Isto significa que juntas, elas produziram mais de 172 mil toneladas do peixe. O destaque fica por conta do Oeste paranaense, que no ano citado produziu 29,5% da tilápia do país. As principais responsáveis por esta notoriedade são as grandes cooperativas agrícolas com atuação na área.


Os autores também assinalam que, de uma maneira geral, os polos produtivos localizados nas regiões Sul e Sudeste dispõem de melhor infraestrutura rodoviária e uma oferta de crédito para a piscicultura. 


Os polos dessas regiões também apresentaram maiores produtividades, sendo este aspecto certamente ligado à maior escala de produção das empresas e ao uso mais intensivo de tecnologia.


Para o pesquisador Manoel Pedroza, os resultados desta pesquisa apontam as vantagens competitivas de cada polo produtivo e também os seus desafios.


"Essas informações podem auxiliar tanto na tomada de decisão de investidores privados como nas políticas públicas orientadas às demandas de cada região. Apesar de alguns gargalos serem comuns a todos os polos (exemplo: dificuldade para obtenção de licenças ambientais e cessão de águas da União), outros são específicos e necessitam de ações diferenciadas”, ressalta.


Sobre a BRS Aqua


Além disso, outro resultado do BRS Aqua é o Centro de Inteligência e Mercado em Aquicultura (CIAqui), que foi lançado em setembro de 2019. O Centro possui a proposta de ser um espaço digital de referência em temas relacionados a economia aquícola, reúne diversos tipos de dados e informações e é permanentemente atualizado. 


Desse modo, o CIAqui implementou diversas melhorias, aplicando filtros nos dados de produção e comércio exterior, o que tornou a apresentação das informações muito mais interativa.


Como destaque em relação à pesquisa, para a melhoria dos dados coletados, Manoel aponta: "No item publicações, foram inseridos os documentos da Organização das Nações Unidas para a Alimentação (FAO) sobre a produção mundial e também estudos do IBGE com dados da Produção Pecuária Municipal (PPM) que incluem números da aquicultura”, informa.


Outra novidade é a publicação trimestral do Informe Comércio Exterior da Piscicultura, feito em parceria com a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), que apresenta diversas informações sobre exportação e importação da piscicultura.



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