Primeiro banco de pele animal do Brasil é inaugurado no Ceará – e o produto é de tilápia
Pesquisadores do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM), da Universidade Federal do Ceará, em parceria com o Instituto de Apoio ao Queimado (IAQ), inauguraram, na última quinta-feira (13), o primeiro banco de pele animal do Brasil. O equipamento é resultado da terceira e última fase da pesquisa sobre o uso da pele da tilápia como curativo natural de queimados, que já apontou diversas vantagens da nova técnica em relação ao tratamento clássico.
O banco começa com mil unidades de pele de animais, retiradas e tratadas no começo desta semana, em Jaguaribara, conforme protocolos de esterilização e tratamento semelhantes aos utilizados nos bancos de pele humana. O tratamento já possui patente no Brasil e no exterior.
Este primeiro lote de pele deve atender à demanda do Instituto Doutor José Frota (IJF) e a um estudo multicêntrico previsto para o segundo semestre deste ano em Goiás, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. Além disso, a pele também será destinada a novas aplicações que já vêm sendo pesquisadas pelo NPDM, como, por exemplo, na ginecologia.
“A estrutura do NPDM foi concebida com intuito de transformar ideias revolucionárias como essa em um bem social”, explicou o diretor do NPDM e coordenador científico da pesquisa, Prof. Odorico de Moraes, durante coletiva de imprensa.
Na fase clínica, com humanos, a pesquisa constatou inúmeras vantagens do uso da pele da tilápia. “A pele da tilápia faz exatamente o que gostaríamos, que é aderir ao leito da ferida, bloqueando essa ferida do meio externo e, com isso, evitando contaminação, além de evitar perda de líquido”, revela o médico.
Uma das grandes vantagens é a redução da dor sentida com a constante troca dos curativos. No caso da pele da tilápia, a dor vai sendo paulatinamente reduzida, ao passo que com o tratamento convencional ela começa a diminuir a partir do sétimo dia.
Além disso, os médicos também constataram redução do tempo de cicatrização das lesões. Em pacientes com queimaduras de segundo grau, o tratamento conseguiu ser reduzido em um dia e meio. No grupo de internados – pacientes com segundo grau profundo – o tratamento em média é de 21 dias para cicatrização. “Conseguimos uma redução de dois dias e meio nesse processo de cicatrização”, disse.
Por fim, as pesquisas apontam ainda uma redução no custo do tratamento ambulatorial da ordem de 57%. “Imaginem no caso do paciente internado”, disse o coordenador.
Fontes: Prof. Odorico de Moraes, coordenador do NPDM/UFC – fone: 85 3366 8201 / Cleide Castro, assessora de imprensa do evento de inauguração do Banco de Pele Animal – fone: 85 99613 4318
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